A
Soberania de Deus na Salvação: Uma Refutação à Doutrina do Livre-Arbítrio
A
questão central que por séculos tem dividido o pensamento cristão pode ser
resumida em uma pergunta fundamental: a salvação é uma obra de cooperação entre
Deus e o homem, ou é uma obra monergística, operada exclusivamente pela
soberania divina? A doutrina popular do livre-arbítrio, que postula que o homem
possui em si mesmo a capacidade inata e autônoma para escolher a Deus quando e
como quiser, coloca a decisão final nas mãos da criatura. Contudo, uma análise
rigorosa das Escrituras e da teologia reformada demonstra que tal visão é
insustentável. A salvação, do início ao fim, não depende "de quem quer ou
de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Romanos 9:16).
A
Condição Humana: A Incapacidade Radical
O
ponto de partida para entender a salvação é a correta avaliação da condição
humana após a Queda. A Bíblia pinta um quadro sombrio da natureza humana
decaída. O apóstolo Paulo, em sua epístola aos Romanos, citando os Salmos, é
categórico:
"Como
está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda,
ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis;
não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer." (Romanos 3:10-12)
Esta
não é uma descrição de alguém que está espiritualmente neutro ou simplesmente
doente, mas de alguém que está espiritualmente morto (Efésios 2:1). Um homem
morto não pode escolher a vida. Da mesma forma, um pecador, por sua própria
natureza, não pode e não irá escolher a santidade de Deus. Seu coração, a fonte
de suas vontades, é hostil a Deus. Jesus afirmou esta verdade de forma
inequívoca: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o
trouxer" (João 6:44). A incapacidade não é física, mas moral e espiritual.
A vontade do homem não é livre; ela é escrava do pecado (João 8:34).
Como
bem resumiu o teólogo Jonathan Edwards: “Você não contribuiu em nada para
sua salvação, exceto com o pecado que a fez necessária.”
A
Eleição Soberana: A Vontade Divina como Causa Primária
Se o
homem é incapaz de escolher a Deus, então a questão lógica seguinte é: como
alguém pode ser salvo? A resposta bíblica não está na vontade do homem, mas na
vontade de Deus. A salvação origina-se na eleição soberana de Deus, um ato
realizado na eternidade passada, antes que o mundo ou o homem existissem.
"assim
como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos
e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a
adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua
vontade." (Efésios 1:4-5)
A base
da eleição não é uma presciência divina de quem iria crer. Argumentar que Deus
elege com base na fé que Ele prevê no homem é inverter a ordem bíblica e, em
última análise, fazer da escolha humana o fator decisivo, roubando a glória de
Deus. Romanos 9 destrói este argumento ao usar o exemplo de Jacó e Esaú:
"E
ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para
que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas
por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais
moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú." (Romanos
9:11-13)
A
eleição é incondicional. Ela não se baseia em nada que Deus veja no indivíduo,
seja fé, obras ou uma boa disposição. Baseia-se unicamente no "propósito
daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade"
(Efésios 1:11).
A
Graça Irresistível: A Obra Eficaz do Espírito
A
eleição de Deus, planejada na eternidade, é aplicada eficazmente na história
pela obra do Espírito Santo. Esta obra não é uma mera oferta que pode ser
rejeitada pela vontade "livre" do homem. É uma obra de recriação, de
ressurreição espiritual. Deus não apenas oferece a salvação; Ele a efetua.
Em
Atos 13:48, a causa da fé é explicitamente declarada: "e creram todos os
que haviam sido destinados para a vida eterna." A fé não é a causa da
destinação, mas a sua consequência. Da mesma forma, Paulo escreve aos
Filipenses: "porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a sua boa vontade" (Filipenses 2:13). Deus não
espera que o pecador queira; Ele opera o próprio querer no coração do eleito.
A
conversão de Lídia é um exemplo prático perfeito: "O Senhor lhe abriu o
coração para atender às coisas que Paulo dizia" (Atos 16:14). A iniciativa
e a ação eficaz foram de Deus.
O
"Livre-Arbítrio" na Perspectiva Reformada
João
Calvino, assim como Martinho Lutero, não negava que o homem faz escolhas. O
homem escolhe o que mais deseja. O problema é que, em seu estado caído, seu
desejo mais profundo é sempre contrário a Deus. Calvino defendia o que se pode
chamar de "liberdade compatibilista", onde as escolhas humanas são
reais, mas sempre ocorrem dentro dos limites da natureza da pessoa e do decreto
soberano de Deus. Como aponta R. C. Sproul, Calvino "concordava que nós
temos o livre-arbítrio no sentido de que temos a capacidade de escolher o que
desejamos, mas essa capacidade de escolha não é apenas levemente influenciada,
é radicalmente condicionada pela corrupção humana do nosso coração".¹
A
escolha humana não frustra o plano de Deus; ela o cumpre, como visto no caso do
endurecimento do coração de Faraó (Romanos 9:17-18) ou na própria crucificação
de Cristo, um ato perpetrado pela maldade humana, mas "entregue pelo
determinado desígnio e presciência de Deus" (Atos 2:23).
Respondendo
aos Dilemas Inevitáveis
Esta
doutrina levanta questões difíceis que a própria Bíblia antecipa e responde.
·
Isso não torna Deus injusto? Paulo
antecipa a pergunta: "Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De
modo nenhum!" (Romanos 9:14). A justiça exigiria que todos, como
pecadores, fossem condenados. A misericórdia, por definição, não é uma
obrigação. Deus não é injusto com aqueles que não são eleitos, pois eles
recebem a justiça que merecem. Ao ter misericórdia de alguns, Ele manifesta a
Sua graça. Ninguém pode exigir misericórdia como um direito. Como o oleiro tem
direito sobre o barro, Deus tem direito soberano sobre a Sua criação (Romanos
9:20-21).
·
Por que orar e evangelizar?
Oramos pela salvação de alguém não porque Deus precise da nossa permissão ou
porque Ele não possa quebrar o "livre-arbítrio", mas precisamente
porque somente Ele pode fazê-lo. Oramos para que Deus faça a obra que só
Ele pode fazer: abrir o coração, dar vida ao morto e conceder o dom da fé.
Evangelizamos porque o evangelho é o meio que Deus ordenou para chamar os Seus
eleitos à salvação. A analogia da porta é perfeita: por fora, o convite é
universal: "Vinde a mim, todos..." (Mateus 11:28). Mas ao entrar, o
crente olha para trás e lê a verdade soberana que tornou sua entrada possível:
"Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer" (João
6:44).
·
E quanto aos textos que parecem
universais? Passagens como 2 Pedro 3:9 ("não querendo
que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento") devem ser
lidas em seu contexto. Pedro está escrevendo aos "amados" (a igreja)
e explicando o motivo da aparente demora da volta de Cristo. O
"convosco", o "nenhum" e o "todos" referem-se ao
grupo para o qual ele escreve: os eleitos de Deus. Deus é paciente para com os Seus
eleitos, garantindo que todos eles cheguem ao arrependimento antes do fim.
Conclusão:
Toda a Glória a Deus
A
doutrina do livre-arbítrio humano, ao fazer da escolha do homem o ponto fulcral
da salvação, inevitavelmente atribui parte da glória a ele. Se, entre duas
pessoas que ouvem o evangelho, uma crê e outra não, e a diferença final reside
na vontade delas, então o crente tem do que se orgulhar. Mas a Escritura é
clara: a salvação é "pela graça, mediante a fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8-9).
A
soberania de Deus na salvação é a única doutrina que esvazia completamente o
orgulho humano e atribui toda a glória a Deus, do início ao fim. Cristo, na
cruz, não disse "Fiz a minha parte, agora faça a sua". Ele bradou: "Está
consumado!" (João 19:30). A obra está completa. A salvação não é uma
possibilidade a ser ativada pela vontade humana, mas uma realidade consumada e
aplicada soberanamente por um Deus que salva pecadores para o louvor da Sua
gloriosa graça.
Referências
¹
Sproul, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Romanos. Editora Cultura
Cristã, 2011, pp. 216–217.
·
Clark, Gordon H. Deus e o Mal: O Problema
Resolvido. Editora Monergismo, 2014.
·
Edwards, Jonathan. "Pecadores nas Mãos de
um Deus Irado". Clássico sermão pregado em 1741.
·
Horton, Michael. Calvino e a Vida Cristã:
Para Glorificar a Deus e Alegrar-Se Nele Para Sempre. Editora Cultura
Cristã, 2017.
·
Calvino, João. As Institutas da Religião
Cristã.
Perguntas
sobre a Natureza de Deus (Teológicas)
1. Sobre
a Soberania Absoluta: Se Deus "faz todas as coisas conforme o
conselho da sua vontade" (Efésios 1:11), como pode a escolha humana ser o
fator decisivo na salvação? Se a vontade de um pecador pode frustrar o desejo
de Deus de salvá-lo, quem é verdadeiramente soberano: Deus ou o homem?
2. Sobre
a Onisciência e o Plano Divino: Se Deus, em sua presciência,
sabia exatamente quem escolheria e quem rejeitaria o Evangelho antes de criar o
mundo, por que se diz que Ele "não querendo que nenhum pereça" (2
Pedro 3:9) em um sentido universal? Isso não faria de seu plano original um
plano que Ele sabia que falharia para a maioria da humanidade?
3. Sobre
a Justiça Divina: Se a salvação depende da livre escolha, como é
justo que Deus permita que milhões de pessoas nasçam e morram sem nunca ouvir o
Evangelho e, portanto, sem nunca ter a "chance" de escolher? A
"liberdade de escolha" pode ser considerada justa em circunstâncias
tão desiguais?
4. Sobre
a Vontade de Deus: A Bíblia diz que Deus "tem misericórdia
de quem quer e também endurece a quem lhe apraz" (Romanos 9:18). Se a
vontade humana é o fator determinante, como explicar essa afirmação? Deus
estaria apenas reagindo às escolhas humanas, ou Ele está agindo como a causa
primária?
Perguntas
sobre a Condição Humana (Antropológicas)
5. Sobre
a Escravidão ao Pecado: Jesus disse: "todo aquele que comete
pecado é escravo do pecado" (João 8:34). Paulo afirma que o homem natural
é "morto em delitos e pecados" (Efésios 2:1). Como um escravo ou um
morto pode "livremente" escolher seu oposto (a liberdade e a vida em
Cristo) sem uma intervenção externa que o liberte e ressuscite primeiro?
6. Sobre
a Fonte da Escolha: A Bíblia diz que "não há ninguém que
busque a Deus" (Romanos 3:11). Se nossas escolhas vêm de nossos desejos, e
nossa natureza caída não deseja a Deus, como podemos "livremente"
escolher algo que é contrário à nossa própria natureza e desejos mais
profundos? Uma fonte amarga pode, por si mesma, gerar água doce?
7. Sobre
a Origem da Fé: Se a fé é um ato do livre-arbítrio humano, por
que a Bíblia a descreve como um "dom de Deus" (Efésios 2:8) e algo
cujo "autor e consumador é Jesus" (Hebreus 12:2)? Se é um dom, como
pode ser uma obra autônoma do homem?
Perguntas
sobre a Lógica da Salvação (Soteriológicas)
8. Sobre
a Oração: Por que os cristãos oram fervorosamente para que Deus
"salve" seus amigos e familiares? Se a salvação depende da livre
escolha da pessoa, o que exatamente se espera que Deus faça? Se Deus responder
a essa oração e mudar o coração da pessoa, isso não seria uma violação do seu
"livre-arbítrio"? Se Deus não pode violá-lo, qual o propósito de tal
oração?
9. Sobre
a Vanglória (Orgulho): Se, entre duas pessoas que ouvem o mesmo
Evangelho, uma crê e a outra não, e a diferença reside na escolha delas, o
crente não tem, em última análise, algo de que se orgulhar? Ele não contribuiu
com o elemento decisivo para sua própria salvação? Como isso se harmoniza com
Efésios 2:9, que diz que a salvação não vem de obras, "para que ninguém se
glorie"?
10. Sobre
a Eficácia da Morte de Cristo: Cristo morreu para tornar a
salvação possível para todos, dependendo de sua escolha, ou Ele morreu
para garantir a salvação de Seu povo (os eleitos)? Se a morte de Cristo
pode ser ineficaz para aqueles que não O escolhem, isso não diminui o poder e o
propósito de Seu sacrifício? Jesus disse "Está consumado!", e não
"Fiz a minha parte".
11. Sobre
a Perseverança: Se a salvação depende da escolha inicial do
homem, a perseverança na fé também não dependeria de suas escolhas contínuas?
Se sim, a segurança da salvação não estaria nas mãos frágeis do homem, e não na
promessa de Deus de que "aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la" (Filipenses 1:6)? Quem garante a salvação: Deus ou o homem?
Perguntas Filosóficas e
Lógicas
12. O
Dilema da Causa: De onde vêm nossas "livres"
escolhas? Se elas são causadas por nossos desejos, caráter e influências
(genética, criação, ambiente), então elas são apenas o resultado inevitável de
uma cadeia de causas sobre a qual não tivemos controle final. Se, por outro
lado, nossas escolhas não são causadas por nada, elas não seriam simplesmente
eventos aleatórios e irracionais?
13. A
Liberdade no Céu: Os santos no céu terão a "liberdade"
de pecar? A maioria concorda que não. Se o livre-arbítrio (definido como a
capacidade de escolher entre o bem e o mal) é um bem supremo e essencial para
um amor genuíno, por que ele seria removido no estado de perfeição eterna?
14. O
Problema da Presciência: Se Deus simplesmente "olhou pelo
corredor do tempo" e viu quem creria, a pergunta permanece: por que uma
pessoa creu e outra não? Se foi por causa de algo bom nelas (um coração mais
aberto, mais inteligência), então a salvação se baseia no mérito. Se não foi
por nada, foi um evento aleatório. Como a presciência resolve o problema da
causa da fé?
15. A
Escolha do Noivo: Biblicamente, Cristo é o noivo e a Igreja é a
noiva. Na cultura bíblica (e na lógica do relacionamento), quem escolhe quem? É
o noivo que escolhe sua noiva, ou a noiva que escolhe o noivo? A iniciativa do
amor e da escolha não parte Dele?
Perguntas sobre a Obra do
Espírito Santo
16. O
Significado da Regeneração: O que a Bíblia quer dizer com
"nascer de novo" (João 3:3)? Este é um ato no qual o Espírito Santo
apenas oferece uma oportunidade para a pessoa usar seu livre-arbítrio, ou é um
ato de recriação (regeneração), no qual o Espírito soberanamente dá vida
espiritual ao que estava "morto em delitos e pecados" (Efésios 2:5),
causando assim a fé?
17. Graça
Eficaz ou Ineficaz?: Se a graça salvadora do Espírito Santo pode
ser finalmente resistida e rejeitada pela vontade humana, isso não torna o
homem o soberano sobre o Espírito Santo no que tange à sua própria salvação? No
momento da conversão, quem tem a palavra final: o poder regenerador de Deus ou
a escolha autônoma do homem?
18. A
Conversão de Lídia: Em Atos 16:14, é dito sobre Lídia: "O
Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia". A
passagem atribui a capacidade de Lídia para "atender" (prestar
atenção e crer) a uma ação prévia e direta do Senhor. Isso se parece com
livre-arbítrio ou com uma graça divina eficaz e irresistível?
Perguntas sobre as Palavras e
o Exemplo de Cristo
19. A
Dependência Absoluta: Jesus declarou categoricamente: "Sem mim,
nada podeis fazer" (João 15:5). Se a palavra "nada" inclui o ato
de crer para a salvação, como a fé pode ser um ato autônomo do livre-arbítrio
humano, em vez de um dom operado por Cristo em nós?
20. A
Oração Sacerdotal de Jesus: Em João 17, Jesus ora pela proteção e
santificação daqueles que o Pai Lhe deu, dizendo: "Oro por eles; não
oro pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus" (João
17:9). Se a salvação estivesse aberta a todos igualmente através do
livre-arbítrio, por que a oração intercessora de Cristo seria tão específica e
exclusiva?
21. O
Chamado Soberano: Quando Jesus chamou seus apóstolos, como
Pedro, André, Mateus e outros, Ele lhes fez uma oferta para ser ponderada ou
lhes deu uma ordem eficaz: "Siga-me"? A autoridade em Seu chamado não
criou a própria resposta que Ele exigia?
Perguntas sobre a Lógica da
Aliança e da História da Redenção
22. A
Eleição de Israel: Por que Deus escolheu a nação de Israel para
ser Seu povo no Antigo Testamento? Foi porque Ele previu que eles O escolheriam
livremente? A Bíblia diz o oposto: "Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos
escolheu porque fôsseis mais numerosos... mas porque o SENHOR vos amava"
(Deuteronômio 7:7-8). Este padrão de escolha soberana e imotivada não continua
na Nova Aliança?
23. O
Endurecimento dos Corações: Como a doutrina do livre-arbítrio explica
as ações diretas de Deus sobre a vontade humana, como quando Ele
"endureceu o coração de Faraó" (Êxodo 9:12; Romanos 9:17-18) para
cumprir Seus propósitos? Ou quando Ele enviou um "espírito mentiroso"
na boca dos profetas de Acabe (1 Reis 22:23)? Se a vontade humana é inviolável,
como Deus pode intervir nela de forma tão decisiva?
24. A
Promessa da Nova Aliança: Em Jeremias 31:33 (citado em Hebreus
8:10), Deus promete sobre a Nova Aliança: "Porei a minha lei no seu
interior e a escreverei no seu coração". Isso soa como uma oferta
externa que depende da aceitação humana, ou como uma obra interna, soberana e
transformadora de Deus que garante a obediência do Seu povo?
Perguntas sobre Implicações
Práticas e Morais
25. A
Certeza da Salvação: Se a salvação depende da minha escolha inicial
e da minha capacidade contínua de "permanecer fiel" através do meu
livre-arbítrio, como posso ter a verdadeira certeza da salvação (1 João 5:13)?
A minha segurança reside na minha fidelidade inconstante ou na fidelidade
imutável de Deus, que prometeu completar a obra que começou (Filipenses 1:6)?
26. A
Natureza da Humildade: Se a fé é o ato decisivo da minha vontade
que me diferenciou de um incrédulo que ouviu a mesma mensagem, não sou eu, em
última análise, a causa meritória dessa diferença? Como essa visão pode
produzir verdadeira humildade e evitar que o crente olhe para o não-crente com
um sentimento de superioridade, pensando: "Eu fiz a escolha certa, e você
não"?
27. O
Propósito no Sofrimento: Se o livre-arbítrio humano é o bem maior
que Deus deve preservar a todo custo, como podemos entender o propósito divino
em meio ao mal e ao sofrimento causados pelas más escolhas humanas? A visão da
soberania de Deus, que governa até mesmo as más escolhas dos homens para Seus
bons propósitos (Gênesis 50:20 - "Vós, na verdade, intentastes o mal
contra mim; porém Deus o tornou em bem"), não oferece uma esperança mais
robusta e um significado mais profundo para a história?
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