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O Pilar Esquecido: Por Que o Quarto Mandamento Sustenta a Igreja

 



O Pilar Esquecido: Por Que o Quarto Mandamento Sustenta a Igreja

Introdução: A Lógica Inevitável

A vitalidade da igreja cristã está intrinsecamente ligada a um princípio muitas vezes negligenciado: a observância do quarto mandamento. Reflitamos: se não existe um padrão divino que nos obrigue a separar um dia para o serviço a Deus, qual seria o fundamento para a obrigação de nos reunirmos em culto? A ausência desse mandamento desencadeia uma consequência lógica e inevitável que ameaça a própria existência da Igreja.

Desenvolvimento: A Erosão do Culto e da Comunidade

Se o quarto mandamento perde sua validade, a obrigação de interromper o trabalho para congregar se desfaz. Se um indivíduo pode, legitimamente, trabalhar de domingo a domingo, quando encontrará tempo de qualidade para a adoração comunitária? Sem a delimitação de um tempo sagrado, a obrigação de cultuar enfraquece. A lógica é simples e direta: sem a obrigação de parar, não há garantia de tempo; sem tempo dedicado, não há compromisso com o culto.

As objeções a essa visão são previsíveis, mas insuficientes. Alguns podem defender o "desigrejamento" ou sugerir que um culto noturno, após um longo dia de trabalho, seria o bastante. Embora qualquer momento de adoração seja válido, devemos nos perguntar: é apenas um breve instante antes de dormir que Deus requer de nós? Se não há um mandamento para o descanso, a cultura do trabalho incessante pode, sem qualquer barreira teológica, consumir todos os nossos dias e noites. A falta da exigência de um tempo específico leva, logicamente, à conclusão da não obrigatoriedade do culto.

As implicações, no entanto, são ainda mais graves. Se o culto comunitário se torna opcional, a própria instituição da Igreja perde sua razão de ser. Questionamentos inevitáveis surgem:

·     Para que serve a Igreja, se podemos simplesmente trabalhar em vez de congregar?

·     Qual a necessidade de pastores e presbíteros, se não há um rebanho a ser reunido e pastoreado?

·     Como aplicar a disciplina eclesiástica, se a participação na comunidade é voluntária e esporádica?

·     Qual o propósito dos dons e talentos espirituais, se não há um corpo para edificarem?

·     Por que celebrar o Batismo e a Ceia, se estes são sacramentos da comunidade reunida?

Surge, então, uma notável contradição quando pastores e líderes eclesiásticos defendem o fim da validade do quarto mandamento, ao mesmo tempo em que tentam preservar seus postos e a estrutura da Igreja. Eles não percebem que, ao removerem essa coluna de sustentação, o edifício inteiro desmorona. Sem tempo, sem igreja. Essa é a conclusão irrefutável.

Ao esvaziar a necessidade do culto, ignora-se a rica teologia bíblica sobre o que a Igreja representa: o corpo de Cristo (1Co 12.12-27), a família de Deus (Ef 3.14), a noiva do Cordeiro (Ap 21.9-10) e a assembleia dos santos (Hb 12.22-24). A Igreja é um povo unido a Cristo, sua cabeça; uma família unida pela adoração.

Conclusão: O Mandamento do Culto

Deus nos criou para a adoração. Embora ela possa e deva ocorrer individualmente, é na reunião dos crentes que a nossa natureza comunitária se torna evidente. O quarto mandamento foi instituído para que o ser humano interrompa seus afazeres e preste um culto significativo em comunhão com seus irmãos.

É crucial esclarecer que esta defesa do quarto mandamento se baseia em uma perspectiva aliancista, e não na interpretação adventista. Na Nova Aliança, o princípio do mandamento permanece, mas seu cumprimento se desloca para o dia em que Cristo completou Sua obra redentora: o primeiro dia da semana, o dia da Ressurreição. Era neste dia que os primeiros cristãos se reuniam. O quarto mandamento é, em essência, o mandamento do culto, e toda a base para a vida da Igreja reside na plena validade de sua obrigação.

Como bem articulado por Gerard Van Groningen:

"Nesse contexto, podemos ver facilmente por que o sábado era um dia de culto. Todavia, não devemos esquecer que o sábado foi destinado para o culto desde o próprio início da história. Ele era o tempo de comunhão alegre e feliz. [...] Ele falava da recriação, assim como da criação. Ele falava da vida, a vida de amor com Deus. Ele falava de alegria eterna e bendita paz." (FIDES REFORMATA 4/1, 1999).

Defender a perda de validade do quarto mandamento é mais grave do que parece. É minar o próprio fundamento que torna a Igreja possível e necessária. Pensemos nisso!


 


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