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Psicologia moderna e a fé cristã


A igreja contemporânea enfrenta um perigo silencioso. Não vem de perseguições físicas ou de heresias cristológicas óbvias, mas da troca sutil da Teologia pela Psicologia como a autoridade suprema sobre a alma humana. Enquanto as Escrituras declaram que o homem existe para "glorificar a Deus e gozá-lo para sempre" (Breve Catecismo de Westminster), a psicologia moderna declara que o homem existe para "sentir-se bem consigo mesmo".

Sob uma ótica Reformada, a ruptura é inevitável. A psicologia secular, nascida do humanismo iluminista, parte de pressupostos que são, em sua raiz, antitéticos ao Evangelho: a bondade intrínseca do homem, a autonomia da razão e a negação da Queda.

O Culto ao "Eu" e a Negação do Pecado

O ponto central de divergência é a antropologia. A psicologia moderna é essencialmente antropocêntrica. O seu "evangelho" é o bem-estar subjetivo. Para Freud, Rogers ou Skinner, o problema do homem não é a sua inimizade contra Deus (Romanos 8:7), mas sim traumas passados ou repressões sociais.

Onde a Bíblia diz "arrependei-vos", a psicologia diz "aceite-se".

Essa mudança de eixo traz consequências devastadoras:

1.   A Morte do Pecado: A psicologia moderna rebatizou o pecado. O que a Bíblia chama de rebeldia, adultério ou perversão, o consultório chama de "escolha" ou "estilo de vida". Ao remover a categoria moral de "pecado", remove-se a necessidade de um Salvador.

2.    O Fim da Culpa: Para a fé reformada, a culpa real é um alarme de Deus para nos levar ao arrependimento. A psicologia trata a culpa como uma patologia a ser extirpada, visando fazer o homem sentir-se bem no seu erro.

A Exceção Hostil: Por que só a Psicologia?

Há um fenômeno jurídico e social que não pode ser ignorado: a Psicologia é a única profissão regulamentada que proíbe diretamente o crente de professar sua fé na prática técnica.

Observemos o contraste com outras áreas:

  • O Médico: Pode orar com seu paciente antes de uma cirurgia ou dizer "Deus te abençoe" sem ser processado por erro médico, pois a medicina entende a fé como auxílio.
  • O Advogado: Pode estampar "Advocacia Cristã" em sua porta e usar princípios bíblicos para defender a liberdade religiosa, e a OAB respeita sua identidade.
  • O Assistente Social: Embora enfrente ambientes hostis, lida com direitos sociais, não com a cura da alma.

Mas o Psicólogo Cristão é tratado como uma anomalia perigosa. Por que essa distinção? Porque a Psicologia secular compete com a Religião pelo mesmo território: a alma humana (psique). Ela não aceita concorrência. Ela quer ser o novo sacerdócio.

Enquanto outras categorias podem ser ideologicamente hostis, a Psicologia é a única que codificou a perseguição em lei. As resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) criminalizam a cosmovisão cristã, tratando a simples menção de Deus como uma "falha técnica" e uma "violação dos direitos humanos".

A Perseguição Institucionalizada e a "Caça às Bruxas"

Essa hostilidade está documentada. A Resolução CFP nº 010/2005 (Código de Ética) e a recente Resolução CFP nº 007/2023 criaram um cerco onde é vedado ao psicólogo associar sua imagem profissional a crenças religiosas. Na prática, isso instituiu um "ateísmo forçado" no consultório.

E essa perseguição não é teórica; ela tem vítimas reais:

1.    O Caso Marisa Lobo: Perseguida implacavelmente e cassada administrativamente pelo CFP (decisão depois anulada pela Justiça Comum) apenas por se identificar como "Psicóloga Cristã". O Conselho tentou forçá-la a uma esquizofrenia: deixar Deus na porta do consultório.

2.  O Caso Rozangela Justino: Punida com censura pública por oferecer ajuda a quem sofria com a egodistonia sexual. O Conselho decidiu que ajudar alguém a abandonar práticas homossexuais é antiético, mesmo que o paciente implore por ajuda para viver em santidade diante de Deus.

3.   A Ação dos 23 Psicólogos e a Mordaça do STF: Um grupo de 23 psicólogos moveu uma ação para garantir o direito de tratar pacientes que buscavam reorientação sexual. Embora tenham obtido uma vitória temporária (liminar) em 2017, a máquina estatal secular reagiu com força. O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a liminar, validando a proibição do Conselho. A mais alta corte do país decidiu que a "ciência" secular tem supremacia sobre a liberdade de consciência do cristão que deseja deixar a homossexualidade.

4.  A Multidão Silenciada: Além dos casos famosos, há centenas de psicólogos cristãos anônimos sendo investigados e processados em todo o Brasil. São profissionais intimidados, que recebem notificações dos conselhos regionais apenas por postarem versículos bíblicos em suas redes sociais ou por participarem de eventos em igrejas. Vivemos uma verdadeira inquisição laica.

Conclusão: O Retorno à Suficiência das Escrituras

A psicologia moderna, em sua forma institucional, tornou-se uma religião rival que não tolera o Deus verdadeiro. Ela possui seus sacerdotes (terapeutas), seus dogmas (tudo é permitido) e sua inquisição (os Conselhos Regionais).

Para a Igreja Reformada, a resposta não é tentar "cristianizar" uma ciência que nasce de costas para Deus, mas recuperar a confiança na suficiência das Escrituras e no poder do Espírito Santo. O cristão que atua nessa área caminha em campo minado, sendo a única profissão onde sua fé é considerada um defeito curricular.

Como dizia o puritano John Owen: "Temos de lidar com o pecado, ou o pecado lidará conosco". A psicologia secular diz para abraçarmos o pecado. Cristo diz para matá-lo. Não há conciliação possível.

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