O
Encontro Junto ao Poço: A Verdade que nos Liberta
Texto
Base: João 4:1-42
Introdução:
Uma Viagem Inesperada
A
história que abrimos hoje não começa com um milagre espetacular ou um grande
sermão para multidões. Ela começa com uma decisão de viagem. O evangelho de
João nos conta que a fama de Jesus crescia, e para evitar um confronto
prematuro com os fariseus, Ele decide se retirar da Judeia e voltar para a
Galileia.
O
caminho mais rápido e lógico passava por uma região chamada Samaria. Mas para
um judeu daquela época, o caminho "lógico" não era o caminho
"comum". Havia uma ferida histórica, um abismo de preconceito e ódio
entre judeus e samaritanos. A maioria dos judeus preferia dar uma longa volta,
cruzar o rio Jordão duas vezes, apenas para não pisar em solo samaritano e não
se "contaminar" com aquele povo que consideravam impuro e herege.
Mas o
texto nos diz algo poderoso no versículo 4: "Era-lhe necessário passar
por Samaria." Note bem: não era apenas uma questão de geografia, era
uma questão de propósito divino. Havia uma necessidade no coração de Deus.
Enquanto o mundo construía muros de separação, Jesus, intencionalmente, decide
atravessar a fronteira. Na cidade de Sicar, sob o sol forte do meio-dia, Ele se
senta, cansado, junto a um poço histórico, o poço de Jacó. E ali, Ele espera.
Pois naquela cidade, havia uma mulher cuja sede ia muito além da água que ela
buscava.
Este
encontro nos ensina lições transformadoras sobre o caráter de Cristo e o
chamado para todos que desejam segui-lo.
Desenvolvimento:
Lições da Fonte da Água Viva
1.
Jesus Quebra as Barreiras do Preconceito
O
mundo em que vivemos é especialista em criar barreiras. Barreiras de raça, de
classe social, de opinião política, de religião e até mesmo dentro de nossas
famílias. Nós nos acostumamos a rotular, a julgar e a manter distância.
Os
judeus e samaritanos eram mestres nisso. Para um judeu, um samaritano era o
resultado de uma mistura de raças e de fé, alguém que havia abandonado a
adoração pura em Jerusalém por um templo "concorrente" no Monte
Gerizim.
E
então, Jesus, um rabi judeu, não apenas entra em Samaria, mas faz algo ainda
mais chocante: Ele se dirige a uma mulher. E não apenas uma mulher, mas uma
mulher samaritana. E para completar, Ele lhe pede um favor que a faria
compartilhar seu utensílio pessoal: "Dá-me de beber".
A
reação dela diz tudo: "Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou
mulher samaritana?". Ela estava chocada! As barreiras que a sociedade
levou séculos para construir, Jesus derruba em uma única frase.
Aplicação
para nós: Ser um seguidor de Cristo é ser um demolidor de muros.
Onde o mundo espera que você julgue, ame. Onde o mundo espera que você se
afaste, aproxime-se. Onde seus amigos lhe incentivam a excluir, seja você a voz
da inclusão. Jesus não fez acepção de pessoas, e nós, como Seu corpo, não temos
o direito de fazer. Talvez a pessoa que Deus quer alcançar através de você seja
justamente aquela que todos ignoram: seu vizinho calado, o colega de trabalho
difícil, o parente com quem você não fala há anos. A quem você precisa oferecer
um copo de água hoje?
2.
Jesus Oferece a Água que Sacía a Alma
A
conversa começa com a sede física, mas Jesus eleva o diálogo a um nível muito
mais profundo. Ele olha para aquela mulher e diz: "Se conheceras o dom de
Deus e quem é o que te pede: ‘dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água
viva."
A
mulher, inicialmente, pensa em termos práticos. Ela imagina uma água mágica que
a pouparia do trabalho diário de vir ao poço. "Senhor, dá-me dessa água,
para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la".
Não
somos todos um pouco como ela? Corremos atrás de Cristo em busca de soluções
para nossas necessidades imediatas: um emprego melhor, a cura de uma doença, a
restauração de um relacionamento. E Deus, em Sua graça, se importa com tudo
isso. Mas a oferta principal de Jesus não é resolver nossos problemas
temporários, mas saciar a sede profunda da nossa alma.
Muitos
hoje buscam em igrejas apenas as bênçãos, os "copos d'água". Querem
prosperidade, sucesso, vitórias materiais. Mas Jesus está dizendo: "Eu
tenho algo muito maior para você. Eu tenho a água que, uma vez que você beba,
se tornará em você uma fonte a jorrar para a vida eterna." Ele não oferece
apenas um alívio, Ele oferece uma transformação interior. Ele oferece a Si
mesmo.
3.
Jesus Confronta com a Verdade que Liberta
Quando
a mulher demonstra interesse na "água viva", Jesus não lhe entrega
uma fórmula mágica. Ele faz algo desconfortável: Ele toca na ferida dela.
"Vai,
chama o teu marido e vem cá."
Com
uma frase, Jesus ilumina a área mais escura e dolorosa da vida daquela mulher.
A resposta dela é evasiva: "Não tenho marido". E então vem a
revelação divina: "Disseste bem... porque cinco maridos já tiveste, e esse
que agora tens não é teu marido."
Pense
no impacto disso. Aquele Estranho conhecia sua história de relacionamentos
fracassados, sua vergonha, sua situação atual de pecado. Mas perceba o tom de
Jesus. Não há condenação em Sua voz. A verdade, nas mãos de Jesus, não é uma
pedra para apedrejar, mas uma chave para libertar.
Ele
precisava que ela enxergasse sua real condição para que pudesse entender sua
real necessidade. Ela não precisava apenas de água, ela precisava de perdão, de
restauração, de um Salvador.
Aplicação
para nós: Viver o evangelho é viver na verdade. Primeiro, a verdade
sobre nós mesmos, reconhecendo nosso pecado e nossa total dependência de Deus.
Segundo, temos a responsabilidade de falar a verdade em amor. O mundo de hoje
prega uma tolerância que, muitas vezes, é apenas indiferença. Igrejas, por medo
de ofender, às vezes silenciam a voz profética que chama ao arrependimento.
Mas o
servo de Cristo sabe que só a verdade liberta (João 8:32). Isso não nos dá o
direito de sermos cruéis ou arrogantes. Mas nos dá o dever, com humildade e
compaixão, de não esconder o diagnóstico de pecado que o mundo precisa ouvir
para buscar o Médico das almas.
A
reação da mulher é a prova disso. Confrontada, ela não foge. Ela reconhece: "Senhor,
vejo que tu és profeta." A verdade a abriu para a adoração.
Conclusão:
Do Cântaro Vazio à Cidade Evangelizada
O
clímax desta história é um dos mais belos de toda a Bíblia. Após encontrar
Aquele que era a própria Verdade, o texto diz que a mulher deixou o seu
cântaro, foi à cidade e começou a anunciar: "Vinde ver um homem que me
disse tudo quanto tenho feito! Será este, porventura, o Cristo?".
Ela
deixou para trás o símbolo de sua sede antiga, de seu trabalho repetitivo e de
sua vergonha. O cântaro não era mais necessário, pois ela havia encontrado a
Fonte. E sua primeira reação foi compartilhar essa descoberta. Uma mulher
marginalizada se tornou a primeira missionária em Samaria!
Seu
testemunho foi tão poderoso que o texto diz: "Muitos samaritanos daquela
cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher".
Esta
manhã, Jesus está junto ao poço da sua vida.
1. Ele
quer quebrar as barreiras que te separam d'Ele e dos outros.
2. Ele
quer te oferecer a Água Viva que sacia a sede mais profunda da sua alma.
3. Ele
quer te encontrar com a verdade, não para te condenar, mas para te libertar e
te dar um novo propósito.
Você
está disposto a, como a mulher samaritana, deixar seu cântaro para trás? Deixar
suas velhas fontes de satisfação, seus pecados escondidos, suas desculpas? Se
você o fizer, descobrirá que em Cristo há perdão, há vida abundante e há um
chamado para levar esta mesma água a um mundo que está morrendo de sede.
0 Comentários